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29.04.2024

*Artigo da autoria dos técnicos da CCDR Algarve, I.P., Sandra Germano e Celestino Soares


"Foi detetada pela primeira vez na Europa em Espanha em 2020, chegando a Portugal em dezembro de 2022 no Algarve, onde inicialmente foi detetada em limoeiros e mióporos.

A praga Scirtothrips aurantii pertence à família dos tisanópteros, conhecida vulgarmente por tripe. Esta espécie foi descoberta por Faure em 1929 na África do Sul, durante a recolha de espécies com elevada importância económica em citrinos nos anos 20 (Gilbert e Bedford, 1998). Trata-se de uma espécie polífaga, já tendo sido reportada em mais de 70 espécies, entre elas vinha, manga, abacate e uva, no entanto, o principal hospedeiro são os citrinos, nomeadamente a laranjeira (Citrus sinensis). Foi detetada pela primeira vez na Europa em Espanha em 2020, chegando a Portugal em dezembro de 2022 no Algarve, onde inicialmente foi detetada em limoeiros e mióporos. Encontra-se classificada como uma praga de quarentena da União Europeia. Atualmente encontra-se presente em cerca de 20 países.

Esta praga tem sido assinalada em diversas zonas da região do Algarve encontrando-se predominantemente na cultura dos citrinos.

A Direção Geral de Alimentação e Veterinária após a identificação desta espécie em território nacional emitiu o Despacho n.º 17/G/2023, de 23 de fevereiro, estabelecendo Zonas Demarcadas para este inimigo, assim como as medidas a aplicar nestas zonas. No site da DGAV é possível aceder a informação atualizada sobre esta temática (https://www.dgav.pt/plantas/conteudo/sanidade-vegetal/inspecao-fitossanitaria/informacao-fitossanitaria/scirtothrips-aurantii).

Do ponto de vista morfológico os Scirtothrips spp. passam por 5 estágios de desenvolvimento: ovo; dois estágios imaturos onde se alimentam ativamente, conhecidos como primeiro e segundo estágio larvar respetivamente; dois estágios imaturos onde não se alimentam, conhecidos como pré-pupa e pupa; e por o último, o estágio adulto alado onde se alimentam ativamente (Gilbert e Bedford, 1998). O ciclo é contínuo, sem diapausa, sendo o desenvolvimento mais lento quando as temperaturas são baixas e existe escassez de alimento. O ciclo de vida pode durar 18 dias no verão e 44 dias no inverno (Gilbert e Bedford, 1998). Os Scirtothrips spp. podem ser vetores de vírus.

As fêmeas possuem coloração amarela pálida a alaranjado, antenas com 8 segmentos, e bandas escuras acastanhadas nos segmentos abdominais e medem cerca de 0.6-1.1 mm de comprimento. As fêmeas da S. aurantii inserem os seus ovos nas folhas jovens, ramos e frutos utilizando o seu ovipositor em forma de serra. Os machos são similares às fêmeas (Foto 1), mas mais pequenos com um comprimento de cerca de 0.8 mm. Os machos desta espécie diferenciam-se de outros por terem um tergito abdominal IX um par largo e escuro de processos laterais e pela presença de uma fila de 6 setas fortes na margem superior do fémur das patas traseiras (Ficha divulgativa, 2022).

Os estragos provocados por esta espécie estão diretamente relacionados com a sua alimentação. Tanto os adultos como as larvas alimentam-se das células epidérmicas das folhas jovens, pedúnculos e ápice de jovens frutos, especialmente junto ao cálice (Milne e Manicom, 1978), não se alimentando de folhas maduras.

Marcas prateadas de sucção podem ser observadas no limbo na superfície das folhas jovens, que apresentam escarificações e cicatrizes alargadas localizadas junto à nervura principal ou no bordo do limbo (Foto 2). Durante o crescimento da folha a parte afetada não cresce, dando origem a deformações mais ou menos pronunciadas com espessamento linear da lamina foliar que passa a cor acastanhada e pode originar a queda de folhas prematura. Na base do fruto gera uma cicatriz superficial, formando um anel à volta do pedúnculo que aumentam com o crescimento do fruto (MacLeod e Collins, 2006; EFSA PLH Panel, 2018) (Foto 3). Folhas com estes sintomas também podem conter pequenos pontos pretos. Um ataque severo em folhas novas pode reduzir substancialmente a produção do ano seguinte (Kamburov, 1991). As variedades Navel são consideradas as mais suscetíveis a S. aurantii (Gilbert e Bedford, 1998) (…)."

→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo: edição de fevereiro 2024