Na sequência da publicação das Estatísticas Agrícolas 2023, por parte do Instituto Nacional de Estatística (INE), sublinhamos os seguintes pontos:
- A área total de culturas permanentes a nível nacional aumentou 2,24%, comparativamente a 2021, atingindo os 761 932 hectares, tendo a produção total nesse período diminuído 16,32%, para 2 258 318 toneladas.
- Os citrinos, apesar do aumento de área verificada entre 2021 e 2023 (+ 5,41)%, passando a totalizar 22 853 hectares, apresentaram na campanha 2022/23 uma quebra significativa das produções, com exceção do limão, explicada pela boa produção do ano anterior e pela seca severa, em particular na região do Algarve, onde houve restrições na utilização de água para rega. Nas variedades de laranja tardias, o decréscimo foi da ordem dos 50%, contribuindo decisivamente para a diminuição global de 26% na produção.
- O ano agrícola 2022/2023 em Portugal continental caraterizou-se em termos meteorológicos como extremamente quente, sendo o mais quente desde que há registos sistemáticos (ano agrícola 1931/1932). De notar que dos nove anos agrícolas que registaram temperaturas médias superiores a 16,0°C, cinco ocorreram na última década. O ano agrícola registou uma precipitação total de 947,8mm (superior em 103,5mm à normal 1981-2010), classificando-se como chuvoso. No entanto, a primavera de 2023 foi a segunda mais seca desde 1931 (atrás da primavera de 2009, com 96,3mm) e a mais quente deste século.
- No Algarve, destaque pela negativa ao nível das disponibilidades hídricas para a albufeira da Bravura, com níveis de armazenamento abaixo dos 10%, situação que impediu a sua utilização na vertente agrícola na campanha de regadio de 2023, e com menos severidade a albufeira do Arade, ambas situadas na bacia hidrográfica das Ribeiras do Algarve, a Barlavento.
- Em 2023, o Rendimento da atividade agrícola, em termos reais, por unidade de trabalho ano (UTA), registou um acréscimo (+8,5%), em consequência do grande aumento do Valor Acrescentado Bruto (VAB), em termos nominais (+31,9%), e da forte redução dos Outros subsídios à produção (-46,1%). O acréscimo do VAB, em termos nominais, resultou de um crescimento da Produção do ramo agrícola (+16,7%) superior ao do Consumo intermédio (CI) (+9,7%).
Pode aceder aqui ao destaque do INE.